quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

2º microconto


Falha!

Era lascivo seu gemido, inebriante, o tremor daquelas cadeiras, que comandavam seu corpo todo, que acabara de ter um banho exaustivo de suor, quente... como a temperatura que nela subia... e ia cada vez mais fundo... num espiral de tortura e gozo, que só quem ama entende... 
E ela dançava, com o olhar...com as mãos... com o sorriso... com os cabelos...
Ele ali, boquiaberto, diante de tão fêmea criatura, admirado com a beleza lanscinante, não pode mais propor sorver-lhe o céu daquela boca de cereja, não que não quisesse, mas o nervoso diante de tanto talento era sóbrio demais pra tão enebriante sensação...
Falhou!

Fim

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

1º Microconto que escrevo... Intitula-se...


Galão D'água

Ela estava lá... hirta de tanto medo, molhada de suor, e lhe corria um frio pela espinha...
Ele então, que sabia ousar e muito de seu poder de chefe, gritou, esbravejou e cobrou, de novo, aquela produção, aqueles números... "onde estavam as vendas?" Perguntava ele, com tom sínico no olhar... verde de arrogânica... "na sua gaveta?"
Saiu, da sala, via diante de si uma onda jorrando em lágrimas... perdidas...revoltas...não viu aquele galão de água, que tantas vezes lhe matara a sede, onde tentava calcular como conseguir mais vendas... e o estribuchou... rachou e vazou como sangue de um morto, toda a sua água existente...
Ficou fora de si, revoltou-se como o mar revoltado de seus olhos, com o grito dos companheiros, e finalmente deu vazão ao seu surto, gritou, esbravejou, vociferou... "vocês, que vendem, vendem a alma, ou a cama?
Pegou a bolsa, e amorosamente, visitou o chefe.
Aquele hashi que lhe servia únicamente para prender os cabelos, foi violentamente metido na jugular,  a parte fina entrou, o sangue jorrou, ele também já sem vida, como aquela água, daquele galão, tombou seco.

Fim
 

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Perto daquele mar, de olhos verdes

Estava um tanto apreensiva... não sabia direito se o que estava fazendo era o certo.
Mas por fim, tomou coragem, um pensamento feliz a tomou e daquele rosto saiu um sorriso, de menina, que vai aprontar mas fazer uma boa ação, como quando mentia pra mãe, dizendo que ia na casa da amiga, e ia comprar o seu presente de aniversário, era uma peraltice, mas uma peraltice boa.
Por fim, ele teve o merecido descanso, trabalhando naquele escritório com cheiro de café, e ar condicionado. Quando abriu a porta finalmente pode respirar, ar poluído, porém da rua, estava enfim, livre... por 4 dias, contando um dia de lambuja por banco de horas, e mais a sexta que era feriado, livre, e como já decidido, foi direto para o carro, onde estavam suas roupas, felizes, por poder viajar pra praia depois de tanto tempo.

Arrumou a mala, como quem arruma a mudança de porcelanas, fazia assobiando, olhou para o céu, e pediu, com humildade para São Pedro, que ajudasse no tempo, precisava que não chovesse, praia e chuva realemtne não combinam, pode até ficar bucólico, ter uma certa beleza poética, mas é só, não se pode sair, não há mesinhas na calçada, nem namorados andando abraçados, e queria muito fazer tudo isso.

Olhava a hora, como se estivesse com pressa, mas, mais por hábito, do que pressa exatamente, porque já estava no começo da estrada, e se esforçasse tinha quase certeza de que poderia sentir o cherio do mar, então olhou o céu, e pediu, quase brigando com São Pedro, que afinal deixasse um final de semana bonito, para aproveitar, esses dois dias de tão sonhada liberdade.
É verdade, que ele já tinha ido, para praia várias vezes, tinha até um grande amigo, que quando não descia  alugava a um preço que não existe, o apartamento, praticamente em frente ao mar, bastavam umas cinco quadras, e da janela do quarto, se esticasse o pescoço, para a direita, podia se ver um pedaçinho azul, daquele mar imenso, era mesmo o paraíso, a apenas alguns kilômetros do inferno, não entendia como isso acontecia, somente sabia que acontecia.

Finalmente depois de arrumar a mala, suspirou, contando mentalmente tudo o que havia colocado, e suspirou de novo, por não poder ir naquele mesmo dia. Tinha trabalho na manhã seguinte, até ao meio-dia, e depois, rodoviária e por fim, praia! Não contava o metrô, nunca contava, isso de certa forma fazia com que todos os passos para a praia, ficassem num tom cinza.

Aspirava bem fundo, fechando os olhos, como se quisesse se fundir ao lugar, e sentia o cheiro daquele mar verde, entre o claro e o escuro. Olhando de longe via um tapete azul, e mentalmente fazia uma reverência, tinha certo medo, e um respeito pelo mar, que só pescador tem, disseram-lhe uma vez que em seus antepassados, haviam vários pescadores, pensava então que esse ritual com o mar, devia estar no gene, mas com ritual ou não, aspirava aquele mar, estava chegando, finalmente, ao pequeno paraíso.

Olhou o relógio, olhou a rua, e não via ninguém conhecido, pensou que se ele chegasse, pediria ao porteiro para esperar,  decidiu então sair, comprar algo na padaria ali perto.
Comprou pão, sucos, frutas, frios e vinho, branco, para poder resfria-lo, sem cometer nehum pecado com os tintos, que combinam mais com o clima frio, tinha feito peixe para o jantar, e o peixe pedia vinho.
Voltou com uma pressa atípica, mal viu a portaria e olhou ao redor, olhou o porteiro, mas não, ele ainda não havia chegado, restava subir, e preparar o peixe.
O jantar já estava com a metade do caminho andado, bastava só forno, algum tempo e pronto, o vinho poderia ser servido, porém nada disso teria alguma graça, se ele não chegasse em tempo.
Na verdade, nem tinha tanta certeza, quando o viu, ele disse que iria para lá, porque já tinha marcado e tinha que descer, mas não tinha certeza se iria pra casa dela, ele havia combinado, mas sem muita certeza.
Era começo da noite, decidiu então, ligar a tv, e enquanto assistia a programção, na sua maioria, vazia e sem graça, tomava um chá.

Ela não era dadas a loucuras, não fazia nada por impulso, e, não que tivesse medo, mas ela não se conhecia pela sua grande coragem, então quando tomou aquela decisão, quase não se reconheceu quando se olhou no espelho enquanto se penteava, afinal, uma loucura na vida de vez em quando faz bem, e de certa forma, era o chamado risco calculado, sabia que ele estaria lá, sabia que ele nem sonhava da presença dela, a surpresa perfeita, para um ano de namoro.

Era na próxima esquina, olhou o prédio, alto e imponente, e com um formato, que era peculiar, o que dava a ele, certa fama, era só mencionar a forma do prédio, e todo mundo sabia de que prédio estavam falando, na portaria se anunciou, e embora soubesse que pedissem para ele subir, sempre tinha certo receio de que não tivesse ninguém, afinal chegou praticamente sem hora nem dia marcados, era só uma promessa, feita em São Paulo, sem muita certeza, pensava nisso, quando o porteiro, disse que ele podia subir, informava o andar e o apartameto, como se ele não tivesse acabado de mencionar o numero, não entendia porque todo porteiro fazia isso, mas também isso, não tinha importancia menhuma, tinha importância sim, o fim daquele corredor, já na metade dele, pode sentir um cheiro de peixe fresco, acabado de assar, um cheiro bom, uma comida de praia, além do clima, do local novo, das malas, a comida vinha lembrar de seu doce paraíso, se abrindo suavemente perante ele.
Ouviu a campanhia, se olhou por um segundo no espelho para já conferir o que estava conferido, se sentiu perfeita, e então abriu a porta.
Não disseram nada, se beijaram, forte e prazerozamente, enquanto entrava no apartamento, tentando fechar a porta com os pés, e caíram sobre o sofá, macio como o corpo dela, forte como os braços dele, luxuriante como aquele momento.
Ficaram assim, um curto espaço de tempo, mas tão intenso que se esmiuçado poderia levar horas.
Sentaram-se ele na sua maciez, ela na fortaleza de seus braços, e na luxuria das pernas se enroscando, enfim se olharam, e disseram olá.
O que ambos não entendiam, é que tudo estava pré-marcado, dia, hora, tudo, mas mesmo assim, estranhamente, não havia certeza de nada. Tanto que o prazer deste encontro era multilicado por duas vezes o prazer comum, que já era muito.
De repente, ela o olhou assustada, parou a respiração por um segundo  gritou correndo pela casa... "o peixe!"
Ele atráz, para conferir o estrago, mas felizmente, fogo baixo, serve para não deixar o assado queimado, e o peixe por fim, foi salvo, para o jantar.
Num silêncio de risos dançando soltos pelo ar, se ouviu o espocar da garrafa, o vinho caia na taça, como se fosse alguém mergulhando gostosamente no mar.

Ela ligou o computador, e olhou pra ele como se não tivesse nada pra fazer ali, resolveu apenas olhar o e-mail, um ou outro site, e desligou o computador sem mais emoções .
Se arrastando foi dormir, para esperar por menos tempo o dia seguinte.
Por fim, chegara o tão sonhado dia, e que medo, não do tempo, olhava o céu como se o tempo fosse a última das suas preocupações, pensava tanto em tantas coisas, que se perdia em pensamentos... "e se ele, não foi?" ... " e se ele foi e teve que voltar"... " e se ele, não foi na casa do amigo, como vou encontrá-lo"... e por úlimo e aterrorizante..."e se ele não gostar da surpresa?"... depois sorria, porque dentre tudo isso, pelo menos vai ver o mar, e isso é sempre bom... e claro, que ele ia gostar da surpresa, senão que tipo de namorado seria?... pensava tudo isso quando sentiu se levitar, olhou para o chão... e a sorte estava sendo lançada... o ônibus saia da rodoviária, devagar, calmo, levando todos os sonhos daquela gente no seu grande porta-malas.
A estrada com todo aquele sol, quente e febril era linda... via as árvores, o gramado as pequenas montanhas, como misses que passam acenando no estilo de princesas que desfilam sua beleza para o público embasbacado. 

A tarde, já estava alta, como uma adolescente que está amadurescendo, se bronzeando, entre o sol e a lua, olharam um para o outro, e decidiram que estava na hora de ir, tomar um banho, e sair para as famosas mesinhas, o andar no calçadão de mãos dadas, não existia ninguém além deles, pelo menos conhecidos, podiam o mundo.

Pediu um quarto, ela não ia assim de mala e cuia para a casa do amigo do namorado (amigo esse que nem conhecia) e se ele estivesse lá? E se ele não estivesse lá? Não, a mala ficaria lá! E, claro, tomaria um banho, deixando a água devolver o doce cheiro da colônia que gostava de usar, depois de acariciar-se nele e cair, como que embriagada de êxtase, mole e escorregadia.
O vestido olhava pra ela, não sabia se ele iria ou não sair, havia com ele, mais uns dois, para prender a atenção dela, que agora, só tinha a toalha e a luz por companhia, ninguém para auxiliá-la a se decidir, qual era o mais perfeito, pelo menos para aquele momento, sabendo que logo estaria amassado, e bem possivelmente tirado, sorria, com a certeza de que tinha do seu nome, que a noite iria ter as estrelas, uma a uma nas mãos, e iria jogar como os moleques que jogam bolas de gude. Sorriu, feliz

Felizes por estarem juntos, passeavam, contentes, achando bonito, até mesmo o carrinho vendedor de pipocas, achando o mar mais azul que de costume, achando que a vida era assim, perfeita.
Foram para o mar, pegaram o caminho daquelas areias fofas e ainda quentes pela tarde de sol praiano e foram em frente, alcançaram o razo do profundo mar, e ambos deixaram ele, o mar, contar segredos leves aos seus pés, falando de desejo... e o desejo foi tanto, que sentaram ali mesmo, em praia tudo e perdoado, até roupa molhada, se for pelo salgado daquela água, se olharam, e como se ainda não tivessem se visto, deixaram os corpos se falarem, mas corpos só falam se tocando, se sentindo o cheiro, se arranhnado levemente, se olhando, se falando numa linguagem muda de sinais que só os namorados entendem, e assim, passaram algumas horas, afinal dia seguinte, era dia de branco, pra ficar mais tempo sem fazer nada, na praia, tinham esse direito, depois de semana tão intensa de trabalho, tão travada de afazres, tão cheia de "entãos", que mereciam descanso.

Era um prédio simples aquele, bonito, arrumado, como casa de interior, simples, mas que uma vez lá, não dá nehuma vontade de ir embora, entendeu naquele momento porque ele tinha tanto apreço pelo mar, e decidiu, assim que pudessem, ia morar ali, na praia.
Tocou o interfone, que aliás, é o único jeito de se abrir aquele portão, que no meio de tanta docilidade, parecia um tanto quanto carrancudo, talvez porque sempre o utilizavam e sempre o batiam para fechar, embora não houvesse nenhuma necessidade.

Ele ia subir, teria que ir para São Paulo, trabalhava com eventos e isso era assim mesmo, era chamado em qualquer hora e momento, na verdade deveria já ter decido, mas como o amigo avisou que desta vez ele não iria precisar do seu apartamento, decidiu ir de manhã, aproveitava para descansar um pouco do evento anterior, que tinha sido na praia mesmo. Ia tomar um banho, para tirar o mormaço do mar (era do sol, mas quando se está na praia, tudo parece ficar com o cheiro do mar), quando estava com a cintura envolta numa toalha branca, como uma nuvem de fim de tarde, ouviu a campanhia, estranhou, quem afinal poderia ser, seu amigo, não seria, talvez uma de suas fãs, que arrependidamente lembrou que poderia ter dado o endereço, só poderia ser isso, então foi atender.
Não entendeu nada do que a moça dizia, pediu então pra que ela subisse, afinal, era voz bonita de mulher, e isso sempre é bom.
Ela estava apreensiva, nervosa, quando ouviu aquele voz de travesseiro do outro lado, ficou ainda mais perturbada, e confundiu tudo, felizmente o amigo de seu namorado era educado e pediu pra subir, ou ainda... talvez ele próprio estivesse lá, e a ouvindo, pra fazer surpresa, pediu ao amigo para pedir a ela para subir, sim, não poderia ser outro o motivo. Olhou então em frente, como se já soubesse quem iria abrir a porta, e viu então, aquele corpo todo nú, não fosse por uma pequena toalha, branca, inocente, fazendo contraste com aquele bronzeado de surfista, ficou olhando, admirada e ficou vermela como se uma tocha se lhe tivesse roçado no rosto.
Ele sorriu, pediu desculpas, a fez entrar, explicou o motivo (óbvio) da toalha e lhe ofereceu água, que aceitou, precisava de um gole.
Depois que aquele gole, a recobrou os sentidos, olhou em volta e perguntou por aquele que ela tanto queria ver.
Ah, é você a deusa dele? (a pergunta saiu tão natural quanto o olhar que ele sem querer enviou a ela, como que entendo o motivo da euforia do amigo), o olhar foi tão contundente, que ela até baixou o olhar, pra não se ferir, sorriu, sem saber porque, mas seu íntimo de mulher, sabia bem o porque de estar sorrindo.
"Eu pensei, pelo que ele disse que voce já estivesse aqui, então voce não tem um apartamento aqui?"
Explicou todos esses pormenores, e ele então entendeu, sua deusa (de seu amigo), não morava lá, tinha um apartamento furtivo, perdido, na orla do mar, não poderia haver mulher melhor, saber como encontra-la e melhor ainda como perde-la, sentiu inveja de seu amigo, pela primeira vez na vida.

Então, ele, já quase tirando a blusa, que cobria sozinha aqueles seios perfeitos, levando sua boca em direção aquele colo desejoso de um beijo, quando ela deu um pulo para tráz, enfatizando que não poderiam fazer aquilo, pelo menos não ali.
Sorriram, porque aquilo era a mais pura verdade, embora se perdoasse tudo na praia, se descobertos, a policia poderia achar que aquilo era atentado violento ao pudor, e por pura vontade de estarem em seus lugares, não exitariam em dar-lhes um corretivo qualquer, por pura diversão.
Se arrumaram, levantaram, e saindo quase como pedindo liçença praquele mar soberano que era, e sairam, em direção aquele prédio de formato estranho.

Voltou ao quarto, triste e desolda, era uma aventura, mas ela era uma criança nesse quesito, não sabia bem como lidar com essas coisas, sentou, abriu a mala e não conseguia bem se decidir se voltava ou ficava e descobria onde ele estava, achou estranho que o amigo soubesse dela com tantos detalhes, mas ficou feliz por isso, e por isso mesmo, decidou esperar um pouco mais, no dia seguinte, tudo estaria melhor, e eles iam se encontrar, ela podia sentir isso, só não conseguia definir, se sentia isso por intuição ou por puro desejo.
Lembrou quase sem querer, assistindo a um comercial sem graça sobre a orla, que havia uma padaria que ele sempre comentara, pelo menos ela já sabia onde tomar seu café, e depois caso não desse certo a empreitada, iria pra casa.

Ela queria lhe servir café na cama, mas só conseguiu servir seu beijo, porque simplesmente havia se esquecido de comprar os principais para essa atividade, como pão, manteiga, e o próprio café, só havia o açúcar, e o chá, verde como seus olhos, mas se lembrou que frutas, são sempre uma boa opção, e devoraram todas aquelas duas únocas maçãs, mas a fome continuava a devorar-lhes, então não tiveram escapatória, teriam que sair, antes do programdo, embora o sol já fizesse sombra há algum tempo, pra eles era cedo, pois haviam ido dormir tarde, mas o zunzum daquela padaria os fariam acordar, juntamente com o cheiro gostoso daquele café, com gosto de domingo.
Por isso ele gostava tanto dali, po cfé era delicioso, o pessoal atendiam como eles fossem irmãos que se dão bem, e sentia o ritmo da praia bem ali, e as mesinhas, que convidavam a olhar aquele mar, que os olhava de volta, dizendo bom dia, aquilo era inigualavel.

Ela sorvia aquele café, como se fosse uma detetive em busca de pistas, nem olhou aquele mar, que também dizia bom dia à ela, tão displiscentemente.
Comeu, rápido como se estivesse no centro da metrópole atarantada e poluenta como sempre, quando lembrou que não estava lá, que não estava com pressa, e então, terminou o café como gente, pelo menos como todos deviam fazer, estando na cidade ou não.

Foram pagar, claro, que ele desembolsou todo o custo da mesa, mas nunca deixava, a metade, fazia questão, dizia de forma brincalhona, "pra que serve a independencia feminina, se deixarmos pagar toda a conta?", diante de tão honroso comentário, não havia como negar-lhe nada.

A moçinha que se encontrava atráz daquele casal tão simpático, esboçou um leve sorriso, quase que por vergonha, afinal, não agia assim, embora sempre falasse como se fosse um eco, sobre a tal da liberação feminina, mas sabia que ela mesma não era tão liberta, deveria então, aprender com aquela que se não fosse o rapaz estaria imediatamente a sua frente, pagaram, e na calçada, num lugar que atrapalhava os passantes, roubou-lhe um furtivo beijo, pequeno, sutil...

A moça que até bem pouco a havia admirado, lhe recriminou mentalmente, pediu licença, encostando propositalmente no casal apaixonado, como que para avisar, que na calaçada, na passagem, não era lugar daquilo. Mas o rapaz, era educado e pediu ele desculpas, já que o ato falho era o dele.

Se olharam, por tantos minutos quanto se podem olhar dois seres que não sabem o que fazer diante de uma situação que não eram para estar vivendo em nehum momento.
A outra moça, até chegou a achar engraçado tudo aquilo, mas quando viu ele pálido como a areia, e ela vermelha como o próprio sol, entendeu, que algo não estava bem.
Sem falarem nada, foram para o lado, já que um outro cliente, também recrimirara e pediu licença de maneira quase nervosa.
Se olharam, estavam todos calados, o único que emitia um som, grosso, embutido, como a rir de tudo aquilo era o mar, ao lado, como testemunha de toda a história intima, de cada um dos três presentes, olhou e gracejou com voz mareada e profunda que todo mar tem.
Ninguém conseguiu se mover, ninguém conseguiu falar, ninguém conseguiu parar de se olhar, e o olhar contava tudo, havia ódio, pedido de perdão, desilusão, trsiteza, mas nenhum sentimento bom.

No seu íntimo, não sabia o que fazia, e quando isso acontecia era muito constrangedor, porque fosse onde fosse, fosse como fosse, paralizava, e não havia meios de tentar andar, emitir som, algum, um mísero gesto, simplesmente, empedrecia (como pedra) estática, pálida, fria, absorta.
Fechou os olhos, lembrou-se de respirar, e respirou tão profundo, que todo o oxigênio da cidade, do interior, e da praia, foram de encontro a suas narinas, agora dilatando-se para pegar todo aquele ar, de uma única vez.
Olhou-os, tentou sorrir, mas o sorriso saiu tão torto, que mais parecia uma careta.
Fechou as mãos, como se fosse dar um soco, que talvez nem pugilista profissional, conseguira esquivar-se.
Aquele momento estava mudo e mudo continuou.
Olhou pro chão, jogando aquele misto de sorriso e careta, e pisando nele, olhou os dois, tão incrédulos daquela situação, em meia a um domingo tão perfeito.
Saiu. Perdida.
Andou tonta, como se tivesse se embriagado durante dias, sentia o mar, indo e vindo, como se caçoando dela, e o olhou com todo o ódio que tinha naquele moemto do mundo, e de todos, e como um carrossel lembrou de tudo, desde o pedido de namoro, os presentes, as surpresas, os beijos, as saudades passadas quando ele saia da cidade, lembrava-se do amigo envolto naquela toalha imoral, e viu toda história linearmente, e concluiu, que isso já havia muito tempo estava assim, todas aquelas vezes que ela não poderia acompanhar, sabia agora, onde poderia encontra-lo, perdido, na boca daqueles olhos verdes, como se fosse duas gotas daquele mar, morteiro, intenso, falso, como todos os sorrisos que poderia ter dado pra ela quando voltava pra cidade, a lhe dar bombons, pois claro, o prato principal já havia sorvido, restava-lhe a sobremesa, pensava, definia tudo, depois, perdida, não definia mais nada do que estava por séculos definido, não sabia, o que pensar de nada, culpava a tofos, depois não culpava ninguém, culpava a ela própria, depois se martirizava, depois se achava heróica, porém consumnida... andava assim, cambalenate, para aquele pqueno hotel.
Sem falar, e quase sem arrumar mala alguma, socou o que pode na mala, e outro tanto, em outro mala pequena de mão, e tudo ali, ficou misturado, sahmpoo, com sapatos, com roupas de baixo, com vestidos novos, e biquines, tudo misturado na mesma miscelânia de pensamentos que estava sua cabeça, perdida.
E daí par frente, o fez inerte, como se fosse uma máquina, e ligasse um piloto automático e o corpo fosse sozinho já pré-programdo para o que tinha que fazer, mas sem alma alguma que pudesse lhe salvar de qualquer coisa.

Tentou correr atrás dela, foi segurado pelo braço, e aqueles olhos verdes lhe explicaram, que isso não iria adiantar de nada, só a piorar o que já estava ruim, olhou para frente, como se perdesse a mãe num acidente qualquer ali, a sua frente, estava ainda pálido.

Ela estava lá, ouvindo de fundo o mar, e aos poucos, o som do resto da orla parecia aparecer antes seus ouvidos ainda incrédulos, como sua face ainda mostrava, não disse nada, por que nada poderia ser dito, o levou para aareia, porque nada poderia ser também feito, porque ante uma tragédia não há nada que se possa fazer ou falar, só se sentar, e esperar, porque o tempo  é o único que ainda consegue curar as feridas, e de certa maneira, conversar diretamente aos poucos com os envolvidos, da forma que mais lhes conviam, nem sempre confortante, mas sempre como convém, e se a paisagem fosse bonita, seria melhor, afinal, pensava ela, pra que colocar sal, na ferida, que dói, isso não cura, nem serve como desculpa, então se tiver uma paisagem bonita pra olhar, olhe.

Ela via aquele domingo acabado, e não sabia como seriam os próximos, não queria nada demais com ninguem, só um pouco de diversão, um pouco de contentamento, que a praia, especialmente no verão atiçava qualquer corpo, que aindo estivesse vivo, que mal poderia haver em um ou outro amigo, que pudesse ser mais interessante, e ela sabia, que ele pertilhava daquele sentimento, se é que poderia se chamar assim. Talvez por isso, entendia o que ele estivesse passando, e pudesse de certa forma conforta-lo como se fosse um seu irmão.

Aquela moça acabava de chegar de viagem, curta é verdade, nem bem duas horas de estrada, mas como considreva viagem, sempre que saía dos limites da cidade, considerava que voltava de uma.
E sentou no bamco de um metrô razoalvelmente cheio, em pleno domingo, e se pos a pensar, que afinal todos deviam estar voltando da praia, voltando no domingo, pra segunda, ainda pela manhã bem cedo, estar a caminho se seus trabalhos, sentiu certa compaixão por eles, lembrnado a sorte que tem por não ter que trabalhar no pior dia da semana, uma segunda, suada a contraditoraimente fria.
Estava absorta nestes pensamentos, quando viu, que uma moça linda, com cabelos levemente louros, presos displiscentemente, prendia o choro, tentou olhar mais detidamente, tão discretamente quanto podia, porque não poderia acreditar, que naquele domingo tão bonito, alguém tão bonita, pudesse chorar assim.
Não, não estava chorando, estava segurando um choro, que devia estar lhe comendo o coração, cru a dentadas, e aquela moça, que divagava sobre aquele domingo pueril, podia sentir essa dilesceração, isso era visível, via que a moça quase loura, segirava um choro que poderia romper, a qualquer momento, como um mar, em dia de ressaca, qua não se contenta com seus limites, e invade, todo o litoral, inundando tudo.
Então, se esqueceu por completo dos trabalhadores, da questão do domingo, e se perguntou, realmente interessada, no queria poderia ter acontecido.